O catatau morreu.
Sim, no dia em que defendi a tese de doutoramento, li no Diário Catarinense que o catatau* havia morrido. Para quem não freqüenta a UFSC, era um cachorro, dentre os vários que perambulam pelo campus. Soube que até no portal G1, da Globo, a notícia foi veiculada. Procurei em vão por duas linhas sobre a minha defesa.
À parte o fato de que, como criador, sou contra a adoção de cães sem raça definida justamente porque são mais facilmente “esquecidos” na rua, ao contrário daqueles que tiveram seu pedigree pago, li, estupefato, alguns posts em blogs como: “Ele era o melhor de nós.” ou “O local [onde foi enterrado] vai se tornar um ponto de peregrinação de alunos”.
Assim como a dicotomia Tese X catatau para mim está resolvida, em prol da importância do meu trabalho acadêmico, para uma legião muito maior de pessoas o cão era parte das suas vidas. Quiçá, como deu a entender a jornalista, a melhor parte.
Marcas apresentam semelhanças. Para quem as cria e administra, são as mais importantes do mundo. Para o mundo, talvez nem tanto.
A esta lacuna, o branding adota os conceitos de identidade e imagem.
Identidade é o que a empresa deseja que a marca represente para as pessoas. Já imagem é a forma como a marca é realmente percebida por elas.
E é nesta distância entre emissão (identidade) e recepção (imagem) que muitas marcas acabam tendo problemas, pois nem sempre o que planejam e emitem para o mercado é o que o consumidor percebe.
O arquipélago de Bahamas era um destino turístico, iniciado logo após a II Guerra, sem muito brilho. Teve um prejuízo incalculável quando em 1998, sofreu a fúria do furacão Floyd.
Mas o país se reergueu, tornando-se um dos principais destinos turísticos do mundo.
Parte do sucesso se deve ao escritório de design Duffy & Partners, contratado para construir uma identidade de marca mais coesa para o país.
Além de descobrir que as ilhas possuíam um charme original, pois tinham servido de refúgio para piratas, seus profissionais conheceram uma diversidade geográfica, ecológica e cultural inimaginável. E trataram de trabalhar para que a imagem percebida pelas pessoas fosse próxima à identidade que tentavam construir.
O trabalho é um dos maiores sucessos de gestão de marca de que se tem notícia.
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*Foto de Rafael Vilela - Flickr
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É comum a incoerência entre identidade e imagem na construção das marcas.
ResponderExcluirA exemplo dessa situação, há o slogan da marca Iria: o luxo ao seu alcance.
Problema: a marca expressou no slogan sua identidade (uma marca com peças boas e sofisticadas porém, com preços acessíveis. Suas peças estão ao alcance inclusive da classe C) O problema é que esse slogan pode gerar um sentimento de depreciação no público alvo. A classe C não quer se sentir o pobre coitado que finalmente vai ter acesso à roupas melhores. Assim como as classes B e A não querem se sentir “menos ricos” comprando roupas acessíveis à pessoas de baixa renda.
Solução sugerida: Simples e obviamente, trocar o slogan. A marca descreve seu produto como “roupas com finos acabamentos e detalhes que fazem toda a diferença”.
Por que não expressar esse conceito juntamente com a idéia de acessibilidade – que é a imagem que a marca quer passar –, trabalhando esta última de forma mais sutil?
Ex.: Iriá. Os Pequenos detalhes fazem a diferença. Você pode.
ANGÉLICA C. ZICKUHR: Eu mudaria o jeito que foi feito o outdoor da marca. Não usaria esse slogan, que como a Lorena disse, não foi bem aceito pela classe C que era público alvo. Eu colocaria somente o nome da marca com uma fonte legal, uma imagem e um texto do tipo ''blusas a partir de R$...''.
ResponderExcluir"Iria: o luxo ao seu alcance."
ResponderExcluirÉ ou não um bom slogan para rádio?
Acredito que para veícular no rádio teria diversos pontos de vista e opiniões. Por ser uma marca relativamente "barata" de maioria classe C, pode dar impressão de uma propaganda enganosa, pois ouvintes de todas as classes podem ouvir o slogan e achar que fosse uma marca de custo mais alto. Assim,não trazendo um bom retorno de percepção da marca. Pode acontecer dois casos: as pessoas de classe C não comprariam o produto pois acham caro, ou as classes B e A irão até a loja e não compram pois se decepcionarão com o produto por ser mais barato.
A solução neste caso é mudar o slogan, para que possa “casar” com o produto.
Analisando o case Bahamas, vejo da seguinte forma a identidade desta marca:
ResponderExcluirBahamas(a ilha é o produto) que antes de ter passado por uma construção de marca, sofreu a furia de um furacão, e depois ficou de um refugiu não só ecológico, mas também de piratas(bandidos), e apesar de ser fascinante e misteriosa, ela pode vir a ser tornar futuramente um "México", como assistimos nos filmes americanos, em que passando a fronteira entre os EUA, você está salvo, ou seja, acabar voltando ao passado e virar novamente um refúgio de bandidos.
Penso que, uma solução para este caso seria intensificar mais a imagem de diversidade ecológica, visto que este é um assunto muito procurado hoje, com o aquecimento global e a preocupação de preservação ambiental, deixando assim, o fato de ter sido refúgio de piratas como uma mera curiosidade da ilha, para que ela não volta a se tornar uma "terra de ninguém" novamente.
Valquíria Roseli Dias
Assim como já citado acima pela Valquíria, eu acredito que o fato da ilha já ter servido de refúgio para piratas pode se tratado como uma "lenda" do local. Dessa forma, seria possível despertar a curiosidade dos turistas e conferir à ilha um certo ar de magia, de encantamento, visto que a imagem de piratas não é ruim para todas as pessoas. Há muitos filmes que trazem os piratas como heróis, como aventureiros do mar.
ResponderExcluirNa minha opinião, o problema estaria no fato de um furacão já ter arrasado o local. Talvez muitas pessoas ainda tenham medo de que isso aconteça novamente. A solução poderia ser voltar a propaganda para a riqueza ecológica da ilha, ou até mesmo para o seu caráter misterioso, com o fato de já ter sido abrigo de piratas, para afastar qualquer lembrança do furacão de 1998 da mente dos visitantes.
Como já citado acima pela Valquíria, eu acredito que o fato da ilha já ter servido de refúgio para piratas, pode ser tratado como uma "lenda" do local. Ela pode servir para despertar a curiosidade dos turistas, além de conferir à ilha uma certa magia, um certo ecantamento, já que a imagem que as pessoas tem de piratas não é sempre ruim. Há muitos filmes que mostram os piratas como heróis, como aventureiros do mar.
ResponderExcluirNa minha opinião, o problema seria o fato da ilha já ter sido arrasada por um furacão. Talvez algumas pessoas ainda fiquem com medo de que isso aconteça novamente. A solução seria voltar a propaganda para a riqueza ecológica da ilha, e até mesmo para o seu lado misterioso, com o fato de já ter sido refúgio de piratas, para afastar qualquer lembrança do furacão de 1998 da mente das pessoas.
Acredito que somente um público extremamente moralista e puritano poderia apresentar algum tipo de resistência à uma ilha que já foi “refúgio de piratas”. Pois há todo um mistério que envolve essa idéia, que ainda é respaldado e reforçado pela indústria Hollywoodiana com todos os seus filmes de ação e aventura envolvendo os lendários piratas.
ResponderExcluirMas, tratando-se um público moralista, que poderia se considerar conivente de atitudes ilícitas por estar prestigiando uma ilha que já foi “porto seguro” para bandidos, uma alternativa de comunicação para esse público específico deveria ser uma propaganda mais segmentada.
Consideremos que esse público seja composto de pessoas mais velhas, mais responsáveis e menos aventura, para esses poderia ser desenvolvida um modelo de propaganda mais voltado para valorização da diversidade cultural das Bahamas. Afinal, Bahamas é composto por mais de 700 ilhas, e cada uma tem sua própria geografia, história e cultura.
por Paula Horwatitsch Cunha
ResponderExcluirassim como a Lorena, não acredito que o fato da ilha ter sido habitada por piratas seja um freio diante da vontade de conhecer as Bahamas, pelo contrário, creio que sua história seja preciosa na construção de uma campanha publicitária, visto o encantamento que as pessoas possuem pelo tema, principalmente diante da forte produção cinematográfica criada sobre piratas.
Além deste valor histórico que potencializa o turismo, o lugar conta com recursos naturais singulares que contribuem fortemente para a elaboração da campanha publicitária, e que, ao meu ver, deveria ser o principal enfoque.
Michele Hodecker
ResponderExcluirNo caso das Bahamas, eu procuraria buscar por uma imagem mais cultural, visando as belezas naturais e os seus habitates. Deixando a imagem dos conflitos já passados no local, como uma prova de capacidade de superação. E mostrar que apesar de fatos lamentaveis, o local ainda possui pontos positivos maiores ques os negativos. Procuraria mostrar que as Bahamas é um local para as mais diversificadas pessoas, com os mais variados gostos.
Angélica C. Zickuhr: No caso das ilhas, já que ela tem essa ligação por piratas: "refúgio dos piratas", um tipo de propaganda que daria certo é relacionar a ilha com algum filme com este tema, por exemplo Piratas do Caribe, que é uma grande sucesso mundial. Fazer alguma propaganda de tv com o personagem Jack Sparrow que é cômico e daria outra visão de "pirata" para as pessoas que ainda tem receio em relação a isso, o que acaba prejudicando a imagem da ilha..
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