sábado, 13 de junho de 2009

Marcas não crescem sozinhas. Será?

O mais recente livro de Malcolm Gladwell (O Ponto da Virada) traz uma história interessante sobre uma marca que parece prescindir de todo o aparato de comunicação que normalmente está ligado à construção de uma.

Os tradicionais sapatos de couro nobuk Hush Puppies estavam com as vendas em queda no ano de 1994, chegando a 30.000 pares anuais. O pensamento da Wolverine World Wide, maior empresa de sapatos do mundo, era interromper a produção do sapato que a deixara famosa.

Durante uma sessão de fotos de moda, dois executivos da empresa se encontraram por acaso com um famoso estilista de Nova York. No encontro, ficaram sabendo que os sapatos Hush Puppies eram a última moda nos clubes noturnos e bares descolados de Manhattan.

Ao conversar mais sobre o assunto, descobriram que o pessoal ia nos brechós procurar os sapatos para usar na noite. De um momento para outro, explodiu a procura.

Já em 1995, as vendas chegaram a 430.000 pares do modelo clássico e, no ano seguinte, quatro vezes mais, até voltar a ser uma peça básica no guarda-roupa do jovem americano.

Hoje está presente em 120 países, conforme informações do site. Iniciada em 1958, se considera um lenda americana, por ter criado um estilo de sapato leve, confortável e casual, em um momento em que isto não existia.

Como aconteceu? De uma produção quase parada a um novo sucesso de vendas, assumindo novamente a referência do seu segmento? De acordo com Gladwell, os Hush Puppies emplacaram de repente, e tudo começou com alguns garotos no East Village e no Soho.


Óbvio que eles não tinham a intenção de promover a marca. Seu interesse, como formadores de opinião, era usar algo que ninguém estava usando.

No entanto, a novidade agradou a dois estilistas conceituados de moda - e eles promoveram a marca em desfiles de alta costura. Isto bastou para a marca assumir uma relevância que até então, em toda a sua história, não havia conseguido.

Os garotos e os estilistas de moda não estavam tentando fazer estilo com os Hush Puppies, mas foi o que ocorreu. Conseguiram dar visibilidade a um produto que praticamente já não estava mais nas vitrines. Daí em diante, a marca se encontra em evidência constante no mundo da moda casual.

Atualmente, a cinquentenária Hush Puppies faz um esforço de comunicação que desperta o lado casual das pessoas. Mostra jovens com atitude leve frente à vida, inevitavelmente com o seu mascote, um basset hound, símbolo da marca.

Mas, a despeito da propaganda, seus executivos sabem que o momento crucial para a marca foi aquele tímido início nas regiões baladeiras sofisticadas da big apple, sem nenhuma possibilidade de interferência. O que fizeram depois foi, inteligentemente, capitalizar o que as pessoas já estavam sentindo em relação à ela: desejo e paixão.

Um comentário:

  1. Tamires Luana de Oliveira
    4º semestre

    É meio difícil achar algum possível problema a essa marca depois de tanto sucesso com esse produto, mas imaginando um pouco, acho que cheguei a um.
    Bom, o fato de agora a comunicação deles estar focada na idéia de despertar o lado casual das pessoas, de transmitir uma idéia de descolação, é um conceito bom.
    Porém, hoje em dia as pessoas dão muito valor e estão muito ligadas às grandes marcas, mas são principalmente as marcas que transmitem mais elegância, requinte e STATUS principalmente; uma roupa "estilo casual" dificilmente transmite esse status que é tão procurado pelas pessoas.
    No mundo em que vivemos hoje, muitas pessoas agregam valor a marca se por meio desta, conseguirem mostrar o que são, ou pelo menos aparentar o que gostariam de ser.
    Mesmo se for um produto caro isso não significará muito, o requinte tem que estar agregado ao produto em si.

    A solução para este possível problema creio que seria desenvolver uma campanha institucional que trabalhe os dois pontos juntos: casualidade e requinte. Mostrando que até de maneira casual, você estará transmitindo elegância, requinte, status e bom gosto.

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