sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Marcas que atraem; consumidores que traem.

Luisa, casada com Jorge, suspirava por Basílio.

Romance escrito em 1878 por Eça de Queirós, O Primo Basílio mostra como dona Luisa cai no ‘arrastar de asas’ do seu primo, o tal de Basílio de Brito. Acostumado a carteados na madrugada, mulheres que labutam no mesmo horário e brigas nos bares, acaba no Brasil para fugir dos credores. Nunca trabalhou, mesmo passando dificuldades na Bahia. Enriqueceu por acaso, numa especulação no Paraguai. Volta a Portugal e, com o jeito agradável, quase bonachão, típico deste perfil, engana muita gente.
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De ontem até domingo (27setembro09) acontece o Tokyo Game Show, maior feira do setor de games do globo. Os grandes lançamentos do ano, visando o Natal, e para o próximo semestre acontecem neste espaço. São esperadas 180.000 pessoas.

Apesar de alguns fabricantes afirmarem não ter decrescido o faturamento, o fato é que as vendas de consoles, por exemplo, caiu nos últimos seis meses nos Estados Unidos, um dos maiores mercados do mundo. Na feira, são 180 expositores, 30 a menos do que em 2008. Também o número de lançamentos foi menor (760 contra 880 em 2008).

Os lançamentos são em número bem inferior aos dirigidos aos celulares ou às plataformas PSP (Sony) e DS (Nintendo). Aliás, os temas mais discutidos na feira são a distribuição e o jogo, ambos na internet.

A Sony tem tomado a dianteira, tanto no discurso quanto na forma: afirma que na era da net é preciso trabalhar de maneira constantemente inovadora e busca transformar seus consoles PS3 e PSP em centros de convergência multimídia, com abertura para variados conteúdos. Além de jogos, espaço para filmes, clipes, séries e programas de TV.

Pode parecer uma espécie de traição do consumidor em relação às marcas de games. Ao primeiro chamado da internet, lá está o faceiro, se lambuzando com o outro sabor. E sempre de olho no gramado do vizinho. Uma dona Luisa moderna.

Algumas empresas já compreendem a mudança, a inovação e a surpresa como caminhos sem volta para conquistar o comprador. E tentar buscar sua fidelidade à marca.








sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Marcas que crescem em meio à queda geral

Uma gangorra em movimento sobe e desce.

Dependendo da força que um dos lados faz, o outro desce muito rápido.

No mundo corporativo, a gangorra é constante. Inclusive no branding. Bom para quem sobe, por meio de um trabalho vigoroso e inteligente na construção da identidade de marca.

Divulgado hoje para o mundo todo, o valor total das 100 maiores marcas globais caiu pela primeira vez desde 2000, quando começou a ser medido pela InterBrand e pela revista BusinessWeek.

As 100 marcas comerciais mais bem-sucedidas em 2009 valem, em conjunto, US$ 1,2 trilhão, valor 5% inferior ao do ano passado. Os resultados saíram no G1. Apesar da queda, não houve mudança na posição das cinco primeiras marcas em relação ao ano passado (Coca-Cola, IBM, Microsoft, GE e Nokia).

A marca que mais se valorizou foi a da Google, pulando para a sétima colocação, com o valor de US$ 31 bilhões, 25% a mais do que no ano passado.

De acordo com a InterBrand, a Google opera com baixos preços e alta funcionalidade e transparência, com o navegador Google Chrome e o software Android para telefones como produtos de destaque.

O principal executivo da divisão Android, Andy Rubin, disse que além de expandir os recursos dirigidos aos consumidores, como redes sociais e jogos, as futuras versões do Android também fornecerão estrutura a empresas que cedem celulares a funcionários que trabalham longe da sede. É a entrada definitiva da Google no meio empresarial, combatendo de frente o líder da categoria BlackBerry, fabricado pela Research in Motion. A previsão de Rubin é de vender 8 milhões de celulares ainda em 2009.

Depois do Google, a Amazon e a espanhola Zara foram as que mais se valorizaram.

Na outra ponta da gangorra, as marcas que mais perderam valor são as dos setores bancário e automobilístico. Neste, nenhuma das 12 marcas de montadoras que aparecem na lista aumentou seu valor em 2009. A Harley Davidson, de motocicletas, perdeu 43% do seu valor.

domingo, 13 de setembro de 2009

O capital humano na organização: criador ou criado

O cinto de segurança.

No início, não foi adotado pelas montadoras porque “demonstrava a fragilidade dos sistemas de freio”. Em pouco tempo, se mostrou como o grande salvador de vidas que é.

As organizações voltadas à competitividade são formadas por pessoas que vão além da dimensão esperada. Buscam soluções “fora do quadrado”, embora normalmente muito simples, como um protetor na forma de cinto.

Uma parte considerável das inovações interessantes é feita por essas pessoas. A internet é um depósito de ideias inteligentes, comprovando a teoria.

Ao observarmos o cotidiano organizacional tradicional, porém, surpresas vêm à tona. A despeito da necessidade de novos produtos, novos processos e novas pessoas, empresas apresentam um discurso afiado, mas não praticam o que propõem.

No blog da editora da ÉpocaNegócios, Alexa Salomão, é apresentada uma pesquisa da consultoria Fellipelli com 700 executivos que dizem preferir cumprir ordens e executá-las da forma mais eficiente possível. Do total, 58% declara dedicar seu tempo para organizar as tarefas e apenas 9% investe seu tempo na busca de novas ideias.

Prefiro acreditar nas palavras de Veen e Vrakking (2009), quando se referem ao novo consumidor, o homo zappiens, dizendo que “...criar, correr riscos e aproveitar oportunidades sempre foram as características humanas mais valorizadas, e quem as possui pode criar mais valor e obter riqueza. [...] Pelo fato de a mudança ser cada vez mais óbvia [...] as empresas estão procurando pessoas que sejam mais flexíveis, criativas e empreendedoras".

Pensando assim, podemos valorizar pessoas como o sueco Nils Bohlin, pesquisador da Volvo e inventor do cinto de segurança, há 50 anos, produto que é considerada como uma das dez maiores invenções da história (departamento de patentes da Alemanha). Também é dele a invenção do assento ejetável para aviões, desenvolvido quando trabalhava na Saab Aviação.

Pensando assim, marcas conseguem criar e propor valor ao consumidor, conforme a comunicação da Volvo tem demonstrado nos últimos 20 anos: a palavra que define a marca é justamente safety.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O dentista da Vanusa e as opiniões na sala de espera

Sala de espera de dentistas.

Poucos lugares são tão dados a conversas e opiniões sobre qualquer coisa. Deve ser pelo medo da broca. Ou do barulhinho, agudo, que antecipa a dor. Mas a conversa continua firme, bem diferente da crônica de LFVeríssimo.

Blogs e blogs e blogs já teceram opiniões a respeito do desempenho desastroso da Vanusa cantando o hino nacional: Nassif e Alemão sentindo pena, a maioria detonando.

No entanto, é preciso destacar que sucessos anteriores não garantem a manutenção do sucesso hoje! Ao contrário, todo dia é dia de cuidar do sucesso de ontem. Marcas muito rapidamente se desgastam. Às vezes, é preciso apenas um pequeno deslize para sombrear um sucesso anterior grande (HOOLEY, SAUNDERS e PIERCY, 2005).

Consideremos que a versão dos remédios esteja correta. Eu acredito! Mas não seria o caso da assessoria de imprensa da cantora avisar, ainda que de última hora, que a atração estava impossibilitada de comparecer? Evitar o mico? Não deixar uma pessoa famosa desrespeitar o hino da pátria?

Quem assistiu ao vídeo, percebeu duas coisas interessantes: primeiro, por duas vezes ela teve que ser interrompida (uma com palmas e outra com o discurso do orador) e, mesmo assim, quis continuar. Segundo, que o ritmo que ela instituiu ao hino foi de uma breguice sem conta.

Um erro após o outro. Na tentativa de arrumar o anterior, piorou o posterior.

O lado positivo (para ela): apareceu no programa do Gugu. Ao que consta, no momento nem para reunião de condomínio era convidada. Tentou fazer do limão uma limonada. Parece um revival do desaparecimento do Belchior.

Processos de construção de identidade de marca sugerem que haja motivos reais para aparições na mídia (AAKER, 2007). Com a facilidade de compartilhamento da internet, este cuidado deve ser redobrado, pois “gozações, estragos, pisadas na bola e demais ações” são os aspectos que motivam grande parte dos internautas à divulgação dos fatos. Daí para um desastre na mídia é um clique de distância.

Citação da tese de doutorado

A tese Proposta de Valor na Construção de Identidade de Marca: O Capital Humano Envolvido na Área Mercadológica, defendida na UFSC, com apoio da Editora Abril na parte de pesquisa, teve ampla cobertura no endereço http://inteligenciaempresarial-brasil.blogspot.com/2009/09/revie-citada-em-tese-de-doutorado-do.html.

O espaço Inteligência Empresarial tem se ocupado em compartilhar informações importantes sobre gestão do conhecimento, atuação mercadológica e competitividade. O modelo Revie, desenvolvido pela profa. Daniela Ramos Teixeira, pode ser conhecido no blog e foi citado na tese, por sua relevância.

A tese pode ter download em http://aspro02.npd.ufsc.br/pergamum/biblioteca/index.php?resolution2=1024_1#posicao_dados_acervo. É preciso apenas citar o nome deste autor.

domingo, 6 de setembro de 2009

A cidade e sua marca

O celular é o nosso grande assistente cotidiano.

Nas mãos de quem tem pouca habilidade intuitiva ou desconhece a linguagem tecnológica, porém, pouco serve. A estrutura existe, a tecnologia é ótima, o conjunto foi testado, mas o talento humano não foi introduzido na equação.

Outro dia, o Sebrae divulgou que a cidade mais inovadora do país é Tauá, de 55.000 habitantes. Está localizada no sertão de Inhamuns, a região mais seca do Brasil, a 500 km de Fortaleza (CE). Nunca tinha ouvido falar.

O início se deu em 2005, com uma proposta da prefeitura ao Ministério das Comunicações. Muita gente achou um despropósito, pois Tauá era um município pobre do semi-árido nordestino e sem inclusão digital. Em 2002, 380 cidadãos sabiam trabalhar com computador.

Por não desistir da ideia, algumas pessoas acabaram demonstrando a razão: dois anos depois do lançamento do projeto, quase 25% dos munícipes já tinha acesso a internet, fazendo com que as empresas pudessem inovar nos seus processos produtivos e de administração. É uma cidade digital de verdade!

Não há dúvida de que a estrutura foi fundamental para que isto acontecesse. Mas sem a iniciativa da secretaria de Ciência e Tecnologia do município e a crença dos empresários locais, pouco se faria. Vários projetos, em grandes empresas, com todo o dinheiro e o conhecimento disponíveis, morrem por não terem empreendedores internos para levar a ação adiante.


Teixeira (2007) afirma que o capital humano procura tornar evidente a sua importância no processo de inovação e de crescimento organizacional (e até mesmo de países, como atestam as economias da Coréia do Sul e Taiwan, caracterizadas por grandes investimentos em capital humano).

A marca de Tauá começa a se expandir, como um exemplo de dedicação das pessoas, desprovidas de condições mas repletas de talento para gerar soluções de enfrentamento às limitações.

Em última análise, são as pessoas que fazem a cidade. E que fazem a marca da cidade.

A despeito das condições geográficas, como proximidade de capitais ou acessos rápidos a portos e aeroportos, são as pessoas empreendedoras que acabam trazendo e fazendo negócios, para consolidação da marca. É a construção da identidade de marca sendo construída pelas mãos de cada um.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Tese de doutoramento: Proposta de valor

A tese defendida por mim na UFSC, com o título de Proposta de Valor na Construção de Identidade de Marca: O Capital Humano Envolvido na Área Mercadológica, está disponível no endereço:

http://aspro02.npd.ufsc.br/pergamum/biblioteca/index.php?resolution2=1024_1#posicao_dados_acervo

O estudo foi feito com o apoio da Editora Abril, por meio da Diretoria da Você S.A.